Necessidade da presença de cuidador de alunos
com deficiência nas escolas
Quanto à necessidade
Com as
transformações paradigmáticas na área de atenção às pessoas com deficiência, em
particular com a adoção do paradigma de suporte, o enfoque das intervenções foi
deslocado do indivíduo para os contextos sociais, culturais, políticos e
econômicos. Isto significa que, além de buscar o desenvolvimento pessoal e a
emancipação social das pessoas com deficiência, a prática emblemática deste
paradigma é a construção da sociedade inclusiva, ou seja, a transformação dos
ambientes físicos, dos valores e das atitudes visando ao estabelecimento da
plena acessibilidade e acesso aos recursos e bens da sociedade.
A oferta
de suporte ou apoio para as atividades diárias e participação social dessa
parcela da população tornou-se o foco da intervenção das políticas públicas.
Suporte
ou apoio significa todo e qualquer equipamento, adaptação ou ajuda de pessoa ou
serviço que visa a possibilitar ou facilitar o desempenho de funções,
atividades ou participação de pessoas que possuam qualquer limitação funcional
ou deficiência.
Na área
da educação, com a formulação e vigência da Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva é reconhecido como público alvo,
dentre outros, alunos com deficiências e/ou condições que originam dependência
de cuidados diários.
Nesses
casos faz-se necessária a disponibilização de suportes que vão desde a oferta
de equipamentos e ajudas técnicas, até a contratação de cuidadores para
viabilizar a permanência destes alunos que apresentam necessidade de auxilio na
alimentação, na higiene, para vestir-se e outras.
A figura
do cuidador na escola irá garantir que alunos com limitações de comunicação, de
orientação, de compreensão, de mobilidade, de locomoção ou outras limitações de
ordem motora, possam realizar as atividades cotidianas e as propostas pelos
educadores durante as aulas e nos períodos extraclasse, viabilizando assim sua
efetiva participação na escola.
O professor
não possui condições de trabalho que permitam que ele exerça essa função junto
ao alunado. Por sua vez, a necessidade deste cuidado é inconteste no âmbito da
escola e sua disponibilização é medida fundamental e imprescindível para a
efetivação da educação inclusiva em nosso país.
Quanto à natureza da função
A
Classificação Brasileira de Ocupação – CBO (2002) reconhece a ocupação de
cuidador formal (Código 5162-10)[1][1], com as
atribuições: “cuidam de bebês, crianças, jovens, adultos e idosos, a partir de
objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis
diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação,
cultura, recreação e lazer da pessoa assistida.
É
importante ressaltar que o cuidador não necessariamente é um profissional da
saúde, ainda que o profissional necessite dominar informações básicas na área
de saúde tal como qualquer pessoa leiga que exerça a função de cuidar, como por
exemplo, pais e familiares de crianças pequenas.
Desta
forma, o cuidador é necessário para crianças, adolescentes e jovens, que
apresentem condições de dependência de cuidados diários na escola.
Quanto às responsabilidades e tarefas
Há que se
ressaltar a existência de diferenças significativas entre as funções de cuidador
e as funções de auxiliar ou técnico de enfermagem. O cuidador está apto a
auxiliar a pessoa assistida no desempenho das atividades cotidianas e
corriqueiras, tecnicamente chamadas de Atividades de Vida Diária – AVD e
Atividades de Vida Prática – AVP. Os profissionais da enfermagem, por sua vez,
atuam com pessoas cuja dependência de cuidados se origina por razões de
patologias e traumas e não se restringe a auxiliar nas atividades cotidianas,
envolvendo práticas próprias da área de saúde como realizar medidas dos sinais
vitais e outras, além de efetivar as prescrições médicas junto ao paciente. A
atuação destes, na maioria das vezes dura o tempo da evolução da enfermidade,
enquanto que o cuidador tem sua função estendida há um tempo maior, uma vez que
atua com pessoas que estão em uma condição de dependência.
Exemplos
de tarefas do cuidador na escola
Auxiliar
parcialmente ou realizar pela pessoa assistida:
· Alimentar
· Vestir
· Deambular
ou locomover
· Realizar
higiene corporal
· Manipular
objetos
· Sentar,
levantar, transferência postural
· Escrever,
digitar
· Comunicar-se
· Orientar-se
espacialmente
· Brincar
· E outras
Obs.:
Seguem anexas informações sobre o perfil e tarefas do cuidador da escola em
documento elaborado pela Diretoria de Ensino da região de São Bernardo do
Campo, São Paulo (2008).
Quanto à obrigação do Estado
Considerando
o exposto, o Estado deverá garantir a oferta deste profissional para essa
população pela área da educação, através das secretarias estaduais e municipais
de educação.
Caberá a
área de educação, por meio da SEESP/MEC regulamentar os cursos de formação
desses profissionais, particularmente seus conteúdos, considerando o conjunto
de suas tarefas no espaço da escola.
.
A
disponibilização do cuidador na escola, pelos órgãos públicos brasileiros
responsáveis pela educação, nos âmbitos municipais, estaduais e federal, é
medida imprescindível e não dependente de regulamentação, para viabilizar o
atendimento às necessidades de cuidados e apoio às atividades de vida diária e
vida prática aos alunos com limitações funcionais ou deficiências,
viabilizando, assim, seu ingresso e permanência na escola, direito básico à
educação garantido constitucionalmente
PERFIL DO PROFISSIONAL PARA EXERCER A FUNÇÃO DE
CUIDADOR
O Serviço
de Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação, após o conhecimento e
reconhecimento das necessidades e estudo minucioso das possibilidades, traça
o perfil desse profissional para exercer função específica na escola:
·
Entender
sobre cuidados básicos de atividades de vida diária e prática do cotidiano dos
alunos (dar lanche aos que apresentam dificuldades motoras dos membros
superiores, realizar a higiene bucal após a alimentação e nos casos de
sialorréia, e a higiene corporal/íntima e trocas de fraldas e de vestuário);
·
Saber
abordar o aluno para os cuidados pessoais, bem como o auxiliá-lo para o uso do
banheiro;
·
Conhecer
sobre adequação postural para a pessoa com pouca ou nenhuma mobilidade e
movimento corporal nos cuidados necessários;
·
Deslocar
com segurança e adequadamente o aluno, a respeito dos cuidados que ele
necessita de acordo com as funções estabelecidas para o cuidador;
·
Compreender
indicações básicas contidas no histórico escolar do aluno com referência às
necessidades educacionais especiais;
·
Ter
conhecimento de quando uma situação requer outros cuidados fora aquele de seu
alcance e do âmbito da escola.
OBS: Esse
profissional deverá permanecer fora da sala de aula e comparecer para auxiliar
o aluno quando solicitado pelo coordenador pedagógico, professores ou inspetor,
como também realizar apenas as atividades acima descritas compatíveis à sua função.
PORTANTO:
Cuidador é o profissional que
auxilia o aluno em seus cuidados de vida diária e de vida prática, ajudando-o
somente nas atividades que não consegue realizar sozinho como ir ao banheiro,
alimentação, troca de roupa e/ou fraldas e higiene pessoal.
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