O processo de
aprendizagem do aluno com paralisia cerebral no complexo de educação especial
André Vidal De Araujo
Samanta Araujo Freire - samanta_araujofreire@yahoo.com.br
- Introdução
- Justificativa
- Objetivos
- Delimitação do problema
- Procedimentos
metodológicos
- Diagnóstico da escola
- Assentamento teórico
- Estágio na escola de
educação especial
- Considerações finais
- Referências
- Apêndices
“Temos
o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza. Temos o direito
de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.”
(Boaventura de
Sousa Santos)
O
trabalho a seguir pretende abordar questões sobre o processo de aprendizagem de
alunos com Paralisia Cerebral no Complexo de Educação Especial André Vidal de
Araujo. Através da observação do cotidiano desses alunos, aliada às teorias
sobre o assunto, pretende-se explicitar as dificuldades encontradas por eles no
decorrer deste processo escolar.
Será feita uma breve justificativa da escolha do
tema, enfocando os objetivos gerais e específicos. Uma vez delimitado o tema,
serão formuladas questões problematizadoras sobre o assunto com exposição das
metodologias utilizadas na execução da investigação. Far-se-á ainda o
diagnóstico das estruturas física e pedagógica da escola; além de uma
correlação com a teoria a respeito dos estudos sobre Paralisia Cerebral,
embasado em obras de diversos autores, e por fim serão expostos os relatórios
de observações feitos em sala de aula.
Para concluir o trabalho faremos uma análise dos
dados coletados nas observações e entrevistas realizadas com professores e
gestores desta escola. Pretendemos assim, conhecer as dificuldades existentes
no processo ensino--aprendizagem destes alunos para que possamos de alguma
forma, ajudá-los a enfrentar suas limitações.
Considerando
que o número de indivíduos com paralisia cerebral vem aumentando a cada dia que
passa, faz-se necessárias algumas reflexões a respeito do cotidiano escolar
desses alunos e como se dá o processo de aprendizagem dos mesmos na Educação
Infantil.
O tema “Processo de aprendizagem do aluno
portador de Paralisia Cerebral” é de suma importância dentro do âmbito
educacional visto que, apesar dos diversos estudos em volta deste assunto,
ainda existem muitas questões que precisam ser problematizadas e debatidas. Para isso, visitamos uma instituição de
Educação Especial, onde adquirimos subsídios para compreensão e análise da
situação desses alunos no âmbito escolar.
Por
tais análises desenvolveremos uma investigação para auxiliar no trabalho
educacional destes alunos com PC, o que torna esta pesquisa um verdadeiro
desafio, já que implica no envolvimento do estagiário, do corpo docente, do
aluno, da família e da comunidade.
2.1 OBJETIVO GERAL
Questionar
o cotidiano escolar do aluno com Paralisia Cerebral na Educação Infantil para
compreender o processo de aprendizagem desses alunos.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a)
Compreender as características do aluno com Paralisia Cerebral;
b)
Analisar o processo de aprendizagem dos alunos com PC com base na teoria de
Piaget;
c)
Conhecer os métodos de ensino aplicados ao aluno com PC na Educação Infantil.
As
dificuldades encontradas por alunos com PC no processo escolar são diversas,
entre elas: as limitações internas como problemas na coordenação motora ou de
cognição – quando a PC é mais acentuada – e os agravantes externos como
locomoção e dependência física, que contribuem com a ausência de alguns alunos
na sala de aula, além de outros fatores como a precária formação dos
professores; ou profissionais exercendo trabalhos que não condizem com sua
formação como, por exemplo, um professor formado em Geologia, mas atuando na
área de fisioterapia. Todas essas inadequações, são fatores agravantes que
contribuem para os obstáculos no processo de aprendizagem destes alunos.
3.1 QUESTÕES NORTEADORAS
Quais as características observadas
nas crianças com PC?
O
desenvolvimento cognitivo dessas crianças está de acordo com a faixa etária?
Que
fatores afetam o processo de aprendizagem dos alunos com PC?
A metodologia utilizada na observação está
fundamentada na concepção dialética.
“Fil. Em sentido bastante genérico, oposição, conflito originado pela
contradição entre princípios teóricos; Pej. Arte, modo de discutir por meio de
raciocínio” (HOUAISS, 2004). Para Lênin, a importância da dialética envolve:
A interdependência e
a mais íntima e indissolúvel conexão entre todos os aspectos de cada fenômeno
(a história desvendando sempre novos aspectos), uma interconexão da qual
resulta um processo de movimento único e universal, com leis imanentes (TRIVIÑOS, 1995, p.53).
As técnicas de pesquisa aplicada baseiam-se na documentação direta intensiva (através
de observações sistemáticas, observação da vida real, entrevistas), extensiva (através de questionários) e
na documentação indireta (através de
pesquisa bibliográfica). Tem-se por meta nesse trabalho, analisar a questão da
Educação Especial através da realidade vivida pelos alunos com Paralisia Cerebral.
O local de pesquisa escolhido foi o Complexo
Municipal de Educação Especial André Vidal de Araujo, localizado à Rua da
Penetração s/n, Vila Amazonas, bairro Parque 10 de Novembro, zona Centro-Sul. A
escola foi indicada por ser uma instituição especializada no atendimento à
crianças e adolescentes com alguma deficiência ou síndrome. Os sujeitos da
amostra foram alunos com PC da Educação Infantil, entre 8 e 16 anos.
Entre
os instrumentos de medidas utilizados na pesquisa estão: entrevistas,
questionários para levantamento de dados, e informações a respeito do ensino
por eles recebido na referida instituição. Também foram feitas observações em
sala de aula por um período de aproximadamente dois meses, com o intuito de
observar e analisar as condições de aprendizagem desses alunos na sua realidade
escolar.
5 CAPÍTULO I
O
Complexo Municipal de Educação Especial André Vidal de Araujo foi criado
através da lei 1138, em 17 de agosto de 2007 e tem por finalidade a educação de
crianças com necessidades educacionais especiais. Nela os alunos recebem
acompanhamentos educacionais, médicos e psicológicos, participam de eventos
sociais e alguns deles produzem produtos para comercialização, peças teatrais e
apresentações de danças nas oficinas de arte ou em eventos para a comunidade.
Segundo
a diretora Irisilda Crisóstomo de Carvalho, a escola atende 495 alunos entre
Educação Infantil, Ensino Fundamental (até a 4ª série) e Educação de Jovens e
Adultos – EJA, e funciona nos três períodos, com 19 turmas no período matutino,
21 no vespertino e 4 no noturno.
A
estrutura física compreende uma área de 5.271 m2, com
23 salas de aula climatizadas, 12 banheiros, sendo 8 adaptados, oficina
pedagógica, biblioteca, ludoteca, refeitório, laboratórios de informática,
quadra esportiva e piscina (utilizada principalmente pelos alunos com Paralisia
Cerebral nas aulas de Educação Física). Esses espaços são adequados para a locomoção
dos alunos.
No
prédio principal e na entrada existem rampas que são de extrema importância
para alunos cadeirantes. Além dos espaços acima citados há também o núcleo
clínico, que oferece serviços de fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, psicopedagogos
e outros profissionais que atendem voluntariamente, formando uma equipe
multidisciplinar.
A
escola segue uma rotina similar a das escolas regulares, com algumas mudanças
em relação ao atendimento no núcleo clínico. As turmas são formadas de acordo
com as necessidades especiais dos educandos, que são: deficiência auditiva
(DA), deficiência visual (DV), paralisia cerebral (PC), deficiência mental
(DM), síndrome de autismo (SA) e deficiências múltiplas, tendo entre 4 e 8
alunos por turma, porém dependendo do grau da deficiência há turmas com 10
alunos, e as turmas de EJA chegam a ter 15 alunos.
Pelo
fato do Complexo existir a apenas um ano, ainda não existe histórico nem
projeto político-pedagógico, afirma a diretora. O currículo utilizado é o tradicional
/ funcional, pré-determinado pela Secretaria Municipal de Educação - SEMED, a
escola adota o modelo de seriação. As metodologias adotadas no processo
ensino-aprendizagem variam de acordo com a necessidade do aluno, sendo que os
portadores de DA utilizam a Linguagem Brasileira de Sinais – Libras e recursos
visuais, os alunos com DV são alfabetizadas através do Braille, auto-relevo e
ampliação, e os alunos com PC, DM e SA desenvolvem-se através de atividades que
envolvam repetição e rotina.
Os
recursos didáticos utilizados no processo ensino-aprendizagem são materiais
específicos, vídeos e livros didáticos adaptados, pois segundo a professora
Roseneire Silva, não é possível trabalhar os livros didáticos utilizados pelos
alunos de escolas regulares, e alguns materiais como lápis e giz de cera devem
ser reforçados para facilitar o manuseio dos alunos, em especial os de PC. As
metodologias aplicadas nas aulas de Educação Física são desenvolvidas de acordo
com as necessidades dos alunos, que são acompanhados por fisioterapeutas
diariamente.
Os professores do Complexo possuem
curso superior completo ou em curso, e todos recebem formação continuada na
Gerência de Formação do Magistério da SEMED. O planejamento é realizado
quinzenalmente, com todo o corpo docente e administrativo da escola, para
tratar de assuntos diversos como datas comemorativas, projetos educacionais,
eventos e informações gerais, sendo adaptado conforme as necessidades dos
educandos . A avaliação é aplicada de
maneira contínua.
Em
geral a relação professor-aluno é amigável, com exceção das crises
comportamentais naturais de cada deficiência como agressões físicas ou verbais. Por esses motivos há
necessidade auxiliares para ajudar o docente a lidar com alguns alunos, em
especial os de PC, SA e DM. Em relação à motivação, os professores procuram,
dentro do possível, explorar o interesse dos alunos através de músicas,
dramatizações, histórias e as festividades do calendário escolar, como Festa
Junina, Semana da Pátria e Dia da Criança, entre outros.
A
diretora finalizou a entrevista dizendo que relação entre os pais e a escola em
geral é positiva, porém alguns não aceitam as limitações dos filhos ou os
tratam com cuidados excessivos, por essas razões a escola oferece alguns
cursos, palestras e reuniões para os pais, com profissionais qualificados,
visando uma melhor interação destes com os filhos no ambiente escolar.
6 CAPÍTULO II
6.1 Processos de Aprendizagem
Não
há um conceito definido para aprendizagem, uma vez que existe certa
complexidade no estudo, sendo necessárias maiores investigações sobre o tema.
Existem assim várias definições, iremos citar algumas delas:
De acordo com a teoria conexionista,
a aprendizagem é “um processo de associação entre uma situação estimuladora e a
resposta”. (CAMPOS, p. 28). Já a teoria funcionalista defende a adaptação do
individuo ao ambiente.
Outra
definição atribuída por Gagné diz que “aprendizagem é uma modificação na
disposição ou na capacidade do homem, modificação esta que pode ser anulada e
que não pode ser simplesmente atribuída ao processo de crescimento”.
Atualmente
o conceito mais utilizado provém da concepção Construtivista, que se baseia na
idéia de interação recíproca entre o indivíduo e o meio. Essa teoria vê “a aquisição
do conhecimento como um processo construído pelo individuo durante toda a sua
vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente graças as
pressões do meio” (DAVIS, p.36), partindo da idéia de que o homem responde aos estímulos externos agindo
sobre eles para construir e organizar o seu próprio conhecimento de forma cada
vez mais elaborada.
6.1.1 Jean Piaget
Piaget é considerado o principal
precursor da corrente construtivista. Seus estudos tinham por finalidade
investigar a construção do conhecimento humano através da interação com o meio.
Para isso, observou o desenvolvimento da inteligência infantil, sendo essa uma
diferença entre seu trabalho e o de outros teóricos. Para ele as estruturas
cognitivas não eram inatas, ou seja, todo conhecimento provém de ações, assim,
aplicou testes em várias fases da lógica infantil para verificar como esta se
transforma em lógica adulta.
Piaget concebeu,
então, que a criança possui uma lógica de funcionamento mental que difere –
qualitativamente – da lógica de funcionamento mental do adulto. Propôs-se
conseqüentemente a investigar como, através de quais mecanismos, a lógica
infantil se transforma em lógica adulta. Nessa investigação, Piaget partiu de
uma concepção de desenvolvimento envolvendo o processo continuo de trocas entre
o organismo vivo e o meio ambiente. (DAVIS, pg. 37)
Seu
trabalho baseou-se na abordagem do desenvolvimento da inteligência e na
construção do conhecimento. Batizou sua teoria de Epistemologia Genética -
epistemologia por ser o estudo do conhecimento e genética por se referir a
evolução da inteligência do indivíduo.
A
questão norteadora da teoria Piagetiana é de que maneira o homem constrói o
conhecimento. Para Piaget, a inteligência pode ser definida como função e como
estrutura. Enquanto função, a inteligência é tida como adaptação, ao passo que
estrutura vem a ser o processo de organização das idéias, pois o crescimento
não se dá pelo acúmulo de informações, mas sobretudo pela reorganização destas.
Para
alcançar o desenvolvimento cognitivo, o indivíduo utiliza dois mecanismos para
assim construir um novo conhecimento. O primeiro é chamado de assimilação, no qual o organismo
interpretar a informação adquirida, retirando do objeto de conhecimento as
informações relevantes para ele. E o outro consiste na acomodação, onde “o organismo e impelido a se modificar, a se
transformar para se ajustar as demandas impostas pelo ambiente” (DAVIS, 2001,
pg. 38).
Esses
mecanismos apesar de distintos e opostos, ocorrem ao mesmo tempo no processo de
desenvolvimento cognitivo, mesmo assim, um pode se sobrepor ao outro. Eles
contribuem para que o indivíduo alcance a equilibração
majorante, ou seja, para atingir o estágio de equilíbrio com o meio através
da superação dos conflitos com a informação adquirida.
Ainda
na teoria piagetiana o desenvolvimento da inteligência não é linear, pois
atravessa vários estágios específicos, caracterizados por mudanças na forma do
raciocínio. Nesse sentido, Piaget classificou três estágios definidos de acordo
com a faixa etária:
·
Sensório-motor – 0 a 2 anos
·
Pré-operatório – 2 a 7 anos
·
Operatório-Concreto – 7 a 13 anos
·
Operatório-Formal – A partir dos 13
anos
·
SENSÓRIO-MOTOR
– 0 a 2
anos
Fase
do desenvolvimento humano que não utiliza a fala, apenas as percepções
(sensório) e suas ações (motor). “O bebê começa a construir esquemas de ação
para assimilar mentalmente o meio” (LOPES, 1996). Nessa fase não existe
percepções temporal de passado ou futuro, para a criança há apenas o presente.
Nesse
estágio inicia-se a estruturação de conceito complexo, formulados a partir de
esquemas sensórios-motores, que são construídos através das reflexões inatas do
bebê, ou seja, no recém nascido as funções mentais limitam-se exclusivamente em
percepções sensoriais, como por exemplo o movimento dos olhos e a sucção.
Exemplo:
o bebê pega o que está em sua mão; “mama” o que é posto em sua boca; “vê” o que
esta diante de si. Aprimorando estes esquemas, é capaz de vê um objeto, pegá-lo
e levá-lo à boca.
A
criança vai aperfeiçoando tais movimentos e adquirindo habilidades progressivamente
até chegar ao final do período sensório-motor, já sendo capaz de construir
noções de objetos, tempo, espaço, causalidade, que a permite descobrir novas
formas de lidar com o meio.
Dentre as principais
aquisições do período sensório-motor, destaca-se a construção da noção de “eu”,
através da qual a criança diferencia o mundo externo do seu próprio corpo. O
bebê o explora, percebe suas diversas partes, experimenta emoções diferentes,
formando a base do seu autoconceito [...]. Ao longo dessa etapa a criança irá
elaborar a sua organização psicológica básica, seja no aspecto motor, no
perceptivo, no afetivo, social e no intelectual. (DAVIS, 2001, pg. 40 )
Também
ocorre gradativamente o aparecimento da função simbólica na criança, que será
de grande importância para a ampliação da sua percepção temporal, o que
alterará a concepção do eu e do universo, preparando-a para fase
pré-operatória.
·
PRÉ-OPERATÓRIO
– 2 a 7
anos
Nessa
fase constata-se o desenvolvimento da linguagem oral, permitindo que a criança
socialize sua inteligência e inicie a conceitualização de ações e objetos
através de símbolos e representações, utilizando-se de esquemas de ações
construídos no estágio anterior, pois "não se pode atribuir à linguagem a
origem da lógica, que constitui o núcleo do pensamento racional" (Coll e
Gillièron, 1987).
A
criança deste estágio geralmente apresenta comportamento egocêntrico, pois
ainda não consegue se colocar abstratamente, no lugar do outro em função da
ausência de esquemas conceituais. Nesta etapa ocorre também o aparecimento do
animismo, ou seja, a criança atribui sentimento e emoções a objetos inanimados.
“Assim, é freqüente ouvi-la dizer que a mesa é ‘má’ quando nela machuca sua
cabeça” (DAVIS, 2001 p.42)
O
pensamento na fase pré-operatória é marcado pela dependência da percepção
imediata, ou seja, a criança formula suas idéias a partir do que vê sem fazer
maiores análises. Para Piaget, a criança nesse período não tem noção de
conservação. “Para ela, mudando-se a aparência do objeto, muda também a quantidade,
o volume, a massa e o peso do mesmo” (DAVIS, 2001, p.43).
·
OPERATÓRIO-CONCRETO
– 7 a 13
anos
Essa
fase é marcada pelo aparecimento da inteligência lógica e reversível, ou seja,
a criança já consegue retornar, mentalmente, ao ponto de partida, e começa a
refletir sobre pontos de vista diferentes do seu. Assim, ela vai se tornando
menos egocêntrica, “capaz de construir um conhecimento mais compatível com o
mundo que a rodeia” (DAVIS, 2001, p.43). O pensamento vai adquirindo maior
maleabilidade, e a criança já consegue fazer distinção entre o real e o
imaginário.
Nessa fase a criança desenvolve
novos conhecimentos, “noções de tempo, espaço, velocidade, ordem e casualidade,
já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade”
(LOPES, 1996). Ela também começa a realizar operações mentalmente, sem estar
presa a uma representação imediata. “O pensamento agora se baseia mais no
raciocínio que na percepção” (DAVIS, 2001, p.44).
No
entanto, este estágio é denominado concreto
porque a criança ainda depende de exemplos reais para formular conceitos e
desenvolver sua inteligência, “[...] tanto os esquemas conceituais como as
ações executadas mentalmente se referem, nesta fase, a objetos ou situações
passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta” (TERRA, 2006).
·
OPERATÓRIO-FORMAL
– A partir dos 13 anos
Essa fase se caracteriza pela
presença do raciocínio abstrato, independente. É o estágio das operações
formais, a partir dos 13 anos, a criança inicia sua transmissão para o modo
adulto de pensar, sendo capaz de pensar sobre idéias abstratas, libertando-se
assim das limitações da realidade concreta.
O raciocínio hipotético-dedutivo é
introduzido nesta etapa da construção do pensamento, permitindo o individuo
alcançar o mais elevado grau do seu desenvolvimento cognitivo, ou seja, adquire
a sua forma final de equilíbrio, o padrão intelectual que persistirá por toda
sua vida.
A
teoria piagetiana delimita faixas etárias para cada estágio, no entanto, vale
ressaltar que essas etapas não são rigidamente marcadas, ela dependem da
maturação individual de cada um. Davis afirma assim:
Piaget reconhece que,
a despeito de preponderar em determinadas faixas etárias uma forma especifica
de pensar e atuar sobre o mundo, podem existir atrasos ou avanços individuais
em relação à norma do grupo. Essa variação pode ser devida, em grande parte, à
natureza do ambiente em que as crianças vivem. (2001, p. 46)
Conforme
as características e ordem cronológica, as etapas do desenvolvimento que foram
apresentadas não são reversíveis. O individuo não pode “pular” de uma fase para
outra, uma vez que a seqüência delas é invariável, nem pode retornar a fase
anterior, já que ao construir uma capacidade mental não pode perdê-la.
Para Piaget, existem quatro fatores
básicos responsáveis pela transição de uma etapa para outra – a maturidade do sistema nervoso, a interação social, a experiência física, e a equilibração
– no entanto, para ele o de menos peso é a interação social. Dessa forma, a
educação – a aprendizagem – possui, no âmbito da teoria piagetiana, uma menor
influência no desenvolvimento intelectual.
Desenvolvimento
cognitivo e aprendizagem não se confundem: o primeiro é um processo espontâneo,
que se apóia predominantemente no biológico. Aprendizagem, por outro lado, é
encarada como um processo mais restrito, causado por situações especificas
(como a freqüência a escola) e subordinado tanto a equilibração quanto a
maturação. (DAVIS, 2001, p.46)
6.2 PARALISIA CEREBRAL
·
Histórico
Encontram-se relatos da Paralisia
Cerebral (PC) em civilizações muito antigas. Em Esparta, crianças com
deficiência eram consideradas subumanas (PESSOTTI apud TABAQUIM, 1984).
A
primeira descrição de PC foi apresentada em 1843, por um ortopedista inglês
chamado William John Little. Ele fez relatos de uma enfermidade que afetava
crianças nos primeiros anos de vida, caracterizada por rigidez muscular,
associando esta à hipoxia perinatal – insuficiência de oxigênio no cérebro. Em
1862, Little publicou um trabalho a respeito da sua pesquisa (LEITÃO, 1983).
Em
1897, ao estudar a Síndrome de Little, Sigmund Freud empregou o termo
"Paralisia Cerebral" (Die
infantile cerebral lahmung), que foi universalmente aceito (TABAQUIM, p.
24). Freud discordou de Little ao observar que crianças com paralisia cerebral
geralmente apresentavam outros problemas (CÂNDIDO, 2004).
Mais
tarde, Phelps generalizou o termo Paralisia Cerebral a fim de diferenciá-lo do
termo Paralisia Infantil, a poliomielite, que consiste em paralisias flácidas,
porém alguns autores consideram esse termo insatisfatório, por dar ênfase ao
aspecto motor, deixando em segundo plano os aspectos sensoriais e intelectuais.
Em
1958, o Little Club de Oxford formulou um conceito sobre PC como sendo um
distúrbio motor qualitativo persistente devido à interferência não progressiva
no desenvolvimento cerebral.
Em
virtude da má colocação verbal na identificação desta deficiência, alguns
especialistas têm adotado o termo "Incapacidade Motora Cerebral -
IMC", procurando evitar associação do termo com julgamento da capacidade
mental da pessoa. Atualmente a terminologia “distúrbios neuromotores” vem sendo
a mais utilizada nos meios especializados (CHUN, 1991).
·
Conceitos
A deficiência física é definida
pelos Parâmetros Curriculares Nacionais – Adaptações Curriculares (PCNs) como:
Uma variedade de
condições não-sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobilidade,
coordenação motora geral ou de fala, como decorrência de lesões neurológicas,
neuromusculares e ortopédicas, ou ainda, de malformações. (BRASIL, 1999, p.26)
Nesse
sentido, a Paralisia Cerebral, enquanto forma de deficiência física, apresenta
conceitos distintos, segundo diferentes autores. No entanto, há uma discussão a
respeito desse termo, que é considerado por muitos inadequado, uma vez que
significaria a parada total das atividades físicas e mentais, o que não
corresponde ao caso.
Paralisia
Cerebral é uma perturbação do controle da postura e movimento que resulta de
uma anomalia ou lesão não progressiva que atinge o cérebro em desenvolvimento
(APCC, 2007).
Desde
1958, o Little Club de Oxford conceitua:
Paralisia
Cerebral é uma seqüela de uma afecção encefálica, que se caracteriza
primordialmente por um transtorno persistente, mas não invariável do tônus, da
postura e do movimento, que aparece na primeira infância e que não somente é
diretamente secundária a essa lesão não evolutiva do encéfalo, como devido
também a influência que tal lesão exerce sobre a maturação neurológica.
(TABAQUIM, 1996, p. 24)
De acordo com Fischinger, a Paralisia
Cerebral “é um distúrbio sensorial e senso- motor causado por lesão cerebral, a
qual perturba o desenvolvimento normal do cérebro; tem caráter não progressivo
e acarreta perda da sensibilidade motora” (1984, p.15)
A
definição usada pela Associação Mundial de Paralisia Cerebral em 1988 é “um distúrbio de postura e movimento
persistente, porém não imutável, causado por lesão no sistema nervoso em
desenvolvimento, antes ou durante o nascimento ou nos primeiros meses da
lactância” (Griffiths & Clegg, 1988).
Atualmente,
tem-se utilizado o termo Encefalopatia Crônica Não Progressiva ou Não Evolutiva
para deixar bem claro seu caráter persistente mas não evolutivo, apesar de as
manifestações clínicas poderem mudar com o desenvolvimento da criança e com a
plasticidade cerebral.
·
Causas
Mais Freqüentes
Para
a Organização Mundial de Saúde (OMS), a paralisia cerebral ocorre na primeira
infância, onde o cérebro está em plena maturação, porém muitos autores discutem
essa idade-limite (TABITH, 1980).
As
causas da PC podem ocorrer:
.
Antes do parto (pré-natais);
Uso de drogas, álcool ou
medicamentos; ameaças de aborto; exposições a raios-x; doenças infecciosas
(rubéola, sífilis); mãe diabética ou hipertensa.
. Durante o parto (perinatais);
Falta de oxigênio no cérebro,
ocasionando lesões nos neurônios (fato ocasionado muitas vezes por negligência
médica); partos muito longos ou prematuros; uso incorreto do fórceps;
hemorragia cerebral causada por estreitamento da bacia (TAVARES FILHO, 2005).
. Após o parto. (pós-natais)
Infecções
(Meningites, Encefalites); Traumatismo craniano; Acidente cérebro-vascular;
asfixia; ingestão de veneno; insuficiência/parada respiratória; inflamações ou
abscessos no cérebro. ()
Gráfico 1
·
Principais
Variações/Tipos
Pessoas afetadas pela Paralisia
Cerebral podem apresentar diversas variações dessa deficiência. De acordo com
Tabaquim (1996), os tipos mais freqüentes são:
Espasticidade,
caracterizada por um aumento do tônus muscular com
limitação da capacidade de relaxamento muscular da região envolvida.
Atetose,
caracterizada pela presença de movimentos e posturas involuntários. Os sintomas podem piorar em situações de
tensão emocional e podem ir embora durante o sono.
Ataxia,
caracterizada pela perturbação da coordenação e do equilíbrio.
Tabela 1
Classificação
da Paralisia Cerebral, segundo MINEAR (1956), com tipos de disfunções motoras e
topografia dos prejuízos
N°
|
Tipo
|
Disfunção Motora
|
Topografia
|
1
|
Espático
|
-
Diplegia
-
Quadriplegia
-
Hemiplegia
-
Dupla hemiplegia
|
-
comprometimento maior dos membros inferiores;
-
prejuízo equivalente aos quatro membros;
-
comprometimento de um domínio corporal;
-
membros superiores mais comprometidos.
|
2
|
Deiscinética
|
-
Hipercinética ou Coreoatetóide
-
Distônica
|
-
movimento involuntário com presença de movimentação associada;
-
tônus muscular variável induzido por movimentos voluntários.
|
3
|
Atáxica
|
-
Dissinergia
|
-
tremor intencional;
-
dificuldades na manutenção do equilíbrio.
|
4
|
Mista
|
-Quadros
associados
|
-
predomínio do prejuízo motor com a presença de outras alterações
|
Fonte: TABAQUIM, 1996
·
Principais
Efeitos e Deficiências Associadas
Segundo
Schuwartzman (1993), para que o rótulo PC seja empregado adequadamente, e
necessário que certas condições sejam atendidas, como por exemplo: a causa
deverá ser fixa; estar presente nos dois primeiros anos de vida; manifestar
desordem do movimento e da postura.
Sendo a Paralisia
Cerebral uma condição causada por uma lesão no encéfalo imaturo, de caráter não
progressivo, os sinais e sintomas dependem da área lesada do cérebro e da
extensão da lesão e se expressam em padrões anormais de postura e de
movimentos, interferindo no desenvolvimento normal do cérebro. (TABAQUIM, 1996,
p. 25)
De
acordo com Tavares Filho (2005), os principais efeitos da PC são:
- alterações do controle da postura
e dos movimentos do corpo;
- Desordens da sucção, mastigação e
deglutição;
- Distúrbios Ortopédicos (falta de
equilíbrio ao caminhar);
- Dificuldades para falar e andar;
- Dependências para atividades
cotidianas;
-
Movimentos involuntários (leves ou acentuados);
Podem
ocorrer também deficiências associadas a PC, como Epilepsia, deficiência
mental, deficiência visual, estrabismo, dificuldades de aprendizagem. Nas
formas quadriplégicas são ainda comuns dificuldades alimentares, perturbações
nutricionais e infecções respiratórias (APCC, 2007).
7 CAPÍTULO III
7.1 OBSERVAÇÕES EM SALA DE AULA
O
Complexo de Educação Especial André Vidal Araujo, foi a instituição escolhida
para observação no Estágio Supervisionado II. Tivemos duas semanas para visitar
a escola, porém na primeira isso não foi possível, pois devido às comemorações
da Semana da Pátria, os alunos se encontravam fora da sala de aula ensaiando
para desfile cívico. Nossa presença na escola estendeu-se por mais semanas que
o combinado a princípio, pois além das intervenções de datas comemorativas,
precisávamos coletar mais informações sobre a aprendizagem dos alunos. A visita
foi realizada em duas turmas de alunos com PC, sendo que cada turma é composta
por oito estudantes, ministrada por professoras diferentes, e todas elas têm
uma professora - auxiliar. Chamaremos a primeira turma de A, e a segunda de B, por
motivos éticos.
08 de setembro de 2008
Era
uma segunda feira e nos dirigimos a turma A,
chegamos às 13 horas para o inicio da aula. A professora passou uma atividade
de pintura (pintar um morango, a fruta de vermelho e a folha de verde), até
esse momento haviam apenas dois alunos na sala, então perguntamos se eles
sabiam falar, a auxiliar respondeu que apenas um deles sabia se comunicar
através da fala.
A
atividade seguinte proposta pela professora era relacionada ao conceito
matemático comprido/curto, consistia em desenhos de tamanhos diferentes onde o
aluno deveria identificar o objeto mais comprido e pintá-lo. Verificamos que o
aluno teve dificuldade em realizar a atividade. Nesse dia não podemos ficar até
o final da aula, pois havia um simulado do Exame Nacional do Desempenho do
Estudante - ENADE na Universidade Federal do Amazonas – UFAM, e saímos às 15h.
09 de setembro de
2008
Chegamos
à escola e fomos informadas de que a professora da turma A estava ausente, fomos então remanejadas para a turma B. Antes do início da aula tivemos uma
breve conversa com a professora, ela nos contou que apenas uma aluna está em
fase de alfabetização, os outros estão desenvolvendo aspectos motores, como
coordenação fina e ampla, há ainda os que estão progredindo com o currículo
funcional, que consiste em “facilita o desenvolvimento de habilidades básicas e
essenciais à participação em uma grande variedade de ambientes integrados”
(ALMEIDA, 2008).
Segundo
LeBlanc (1992), um currículo ideal está baseado primordialmente na investigação
das variáveis que influenciam na aprendizagem. De maneira geral, a proposta
deste Currículo Funcional e Natural está
baseada na funcionalidade das habilidades a serem adquiridas e na manutenção
destas através de contingências naturais de aprendizagem. Abrange todos os
contextos nos quais os alunos convivem escola, comunidade, família e trabalho.
É
um trabalho que se apóia no repertório de entrada do aluno, no conhecimento de
seu meio e nas relações recíprocas entre eles. No geral o
currículo funcional procura selecionar procedimentos de ensino
compatíveis com as capacidades dos alunos especiais, objetivando torná-los
independentes e produtivos.
A
professora informou que alguns alunos apresentam deficiências múltiplas, como
paralisia cerebral e deficiência mental, porém eles continuam na turma de
Paralisia Cerebral - PC por questões de locomoção, já que estes andam em
cadeira de rodas, uma vez que na turma de Deficiência Mental - DM todos podem
andar sem auxilio de cadeiras.
O
trabalho pedagógico é aplicado individualmente por causa da variação cognitiva
e motora dos alunos. Durante a aula, a professora estava ensinando a aluna
Renata
a formar palavras com atividades lúdicas, utilizando como recurso sílaba em
círculos de isopor, (ver anexo pág. 59) onde a aluna podia forma nomes próprios
e substantivos comuns, também ensinou ao aluno Fábio o conceito matemático
dentro/fora, através de exemplificação (colocava e retirava objetos de uma
sacola para ilustrar o conceito), após a explicação concreta, ela transportou o
conceito para o abstrato, oferecendo o desenho de dois círculos para ele pintar
somente dentro deixando o lado fora sem pintura.
Na hora do lanche, a professora e sua auxiliar
nos levaram para sala de DM, pois era aniversário do professor daquela turma. A
aluna Renata não quis se alimentar na frente dos outros alunos, suspeita-se do
motivo ser a timidez em decorrência da sua pouca coordenação, então a auxiliar
levou o lanche para lhe oferecer na sala de aula. Voltamos para a sala e
fizemos uma entrevista com questões objetivas com a professora, ao final da
aula ela nos emprestou uma apostila sobre tecnologia assistida, para enriquecer
nossa pesquisa.
10 de setembro de
2008
Neste dia a
professora da turma B havia
faltado, então fomos novamente para a turma A. A professora iniciou a aula passando um questionário com três
itens sobre linguagem. O aluno Giovane apresentava dificuldades de atenção e
não tinha motivação para resolver o exercício, então a professora e sua
auxiliar passaram outra atividade, no entanto ele continuou desatento e passou
a apresentar atitudes agressivas, jogando objetos pela sala e nas pessoas. Em
seguida, a professora propôs uma atividade de matemática, que consistia em
contar tampinhas de garrafa de um a dez. O aluno João não mostrou-se
interessado pela atividade, então nós tentamos aplicar uma metodologia
diferente, onde separamos as tampinhas por cores e fomos perguntando quantas
tampinhas de cada cor havia; aos poucos o aluno foi se interessando pela
atividade, e conseguiu contar até cinco.
Na
hora do lanche a professora trouxe a alimentação dos alunos para a sala, o
aluno Giovane continuou a apresentar atitudes agressivas, jogando biscoitos no
chão e batendo na mesa; o aluno Marcelo não quis tomar o iogurte e tentou morder
uma das estagiárias. Após o lanche chegaram os estudantes da oficina
pedagógica, e todos começaram a ensaiar dança para uma apresentação extra
classe, então perguntamos se ainda haveria aula, a professora respondeu que
não, resolvemos ir embora uma vez que a dança não era uma atividade referente à
aula.
Nessa
semana de observação foi possível notar que as professoras adotam metodologias
diferentes quanto ao processo ensino-aprendizagem com alunos especiais. A
professora da turma A demonstra ter
pouca paciência, e didáticas não apropriadas para trabalho com essas crianças,
além disso, ela passa atividades que não apresentam objetivos específicos e
adequados à limitação motora e temporal dos alunos, e que também não estimulam
o desenvolvimento do raciocínio lógico, sendo que algumas vezes ela dá a
resposta do exercício e segura na mão do aluno para responder e até mesmo
pintar. Em contrapartida, a professora da turma B demonstra maior dedicação com o magistério, estimulando o
raciocínio e dando autonomia para os alunos, utilizando o currículo funcional.
Com relação às crianças, podemos ver que elas necessitam de atendimento
individualizado, pois apresentam diferentes níveis de PC, e algumas tem outra
deficiência ou síndrome associada.
Observação da reunião pedagógica e
planejamento
15
de setembro de 2008
Neste
dia não houve aula, pois foi realizada uma reunião com os professores e o corpo
administrativo da escola para o período de 15.09.08 à 14.10.08. A reunião
iniciou-se às 13 h 25 min,
com a leitura de um texto para reflexão sobre o respeito para com a pessoa
portadora de deficiência.
O
primeiro item da pauta foi sobre a semana
do deficiente. Alguns professores comentaram a incompatibilidade de
horários das apresentações dessa semana, uma vez que as escolas municipais,
estaduais e instituições de apoio à deficiência estariam realizando eventos
simultaneamente para celebrar essa festividade, o que os deixavam
impossibilitados de comparecer a todos os compromissos ao mesmo tempo. O
segundo argumento a ser debatido foi sobre a
semana da pátria, o professor de Educação Física sugeriu que no futuro
fosse feita angariação de dinheiro para compra de novos instrumentos de
percussão, além da formação de uma fanfarra.
O
próximo assunto discutido era a respeito da 1ª
Feira da Pessoa com Necessidades Especiais, que aconteceria nos dias 19, 20
e 21 de setembro
de 2008, no Centro Social Urbano – CSU do Parque Dez de Novembro.
Nesse evento haveria várias práticas desportivas, como torneio de natação,
basquete de cadeirantes e futebol de cegos. A diretora apontou algumas
dificuldades relacionadas ao comparecimento dos alunos à feira, pois seria à
noite e muitos deles moram distante do local; também foi apontado o fato de a
SEMED ter comunicado o evento numa data tão próxima.
Em seguida, a diretora informou a
respeito um Congresso sobre Autismo,
que seria realizado no Rio de Janeiro. Os professores ficaram interessados,
porém não poderiam ir por motivos financeiros, uma vez que terão que arcar com
todas as despesas. A Semana do Sorriso
era argumento seguinte, que seria realizada em novembro, a diretora alegou que
o assunto precisava ser abordado nesse dia, pois ela necessitava organizar e
redigir o calendário de atividades deste evento até o dia 19 de setembro.
Seguindo o roteiro da pauta, foi discutido sobre a organização para a festa do
Dia das Crianças, e o conselho decidiu que cada professor receberia 10 rifas
para vender até o dia 7 de outubro, como meio de angariar fundos para a
festividade.
Após tais decisões, a professora de
informática comunicou que o novo laboratório estava pronto para uso, porém ela
requisitou que outros professores levassem somente os alunos que pudessem
desenvolver aprendizados de informática. O corpo docente da escola organizou as
atividades previstas para a comemoração do Dia
do Surdo, que aconteceu no dia 26 de setembro. Por fim, foi escolhido o
tema gerador da reunião “Abra um sorriso
para a vida”, bem como os objetivos gerais do planejamento deste período.
Ao fim da reunião conversamos com a diretora para determinarmos em qual sala
ficaríamos fazendo estágio, e de comum acordo decidimos continuar a observando
as aulas na turma B.
29 de setembro de
2008
Retomamos a observação neste dia.
Chegamos às 13h e somente o
aluno Marcelo estava presente na sala, então a professora nos convidou para
visitar a turma de autismo. A professora desta turma estava desenvolvendo
atividades de desenho, e um de seus alunos estava montando um quebra-cabeça.
Passado algum tempo, retornamos para sala de aula.
A
professora da turma B levou alguns
alunos com DM para ficar na sala conosco, a fim de conhecermos características
educacionais desses alunos e auxiliar o professor deles. Ela passou algumas
atividades de pintura e traçado para aqueles estudantes.
Os
alunos da turma de DM são praticamente todos adolescentes, a não apresentam
qualquer característica visível da deficiência, podendo passar despercebidos
por alunos sem limitações. A maioria deles é interessada em auxiliar as
crianças com PC, e o convívio social deles tem características comuns de
adolescentes sem deficiência, praticam esportes, tem relacionamentos afetivos e
círculos de amigos. A sua real limitação está ligada ao tempo que levam para
desenvolver-se cognitivamente, e tendo a metodologia e recursos adequados a
essa finalidade podem alcançar os objetivos propostos ao seu nível educacional.
30 de setembro de
2008
Antes de iniciar a aula, conversamos
um pouco com a professora a respeito da realidade de cada aluno. Ela nos
contou, por exemplo, que a maioria dos alunos tem dificuldades como sugar e
soprar, e que alguns sofreram regressão no aprendizado devido a problemas
familiares. Para auxiliar os que não conseguem soprar ela criou um recurso
divertido para eles: uma latinha de plástico com bolinhas de isopor, presas por
uma tela, (ver recursos pág. 59) quando o aluno consegue soprar vê as bolinhas
voando pela lata, o que causa sensação de alegria e satisfação neles. Com os
alunos que sofreram regressão por problemas familiares, ela trabalha a
estimulação e afetividade entre crianças e professores.
A
professora iniciou a aula trabalhando aspectos motores com a aluna Esmeralda,
colocou uma luva com uma calha de apoio para auxiliá-la a manter a mão aberta.
Um tempo depois chegaram a mãe da Maria e a irmã da Esmeralda para ajudar a
professora. Foi proposta uma atividade de pintura para Esmeralda, que por sinal
é a única aluna que pode segurar lápis sem apoio ou acessórios, mesmo assim não
estava motivada a realizar a tarefa, mas depois de muita insistência concluiu a
atividade.
Após
o lanche, a professora e uma das estagiárias encenaram a clássica histórinha de
Chapeuzinho Vermelho, com a narração de um CD e acessórios como perucas,
fantoches e etc. Esse tipo de atividade estimula bastante os alunos, pois eles demonstram
muita alegria e entusiasmo com a encenação, sorriem e apresentam reações que
até a um tempo atrás não eram externadas.
Em
seguida foi aplicado o currículo funcional com o aluno Bernardo, a professora
estava ensinando e estimulando-o a se alimentar sozinho e a mastigar alimentos,
da seguinte maneira: colocava bombons em cima da mesa para que Bernardo os
pegasse e levasse a boca, ele não tem total controle total sobre as mãos
ficando difícil pegar o alimento na mesa, passou então a colocar o bombom na
palma de sua mão, assim ele conseguiu levar o doce a boca. Para que esses
procedimentos tenham maiores resultados é necessário parceria dos pais com os
docentes, pois não vai haver progresso se o aluno for motivado a adquirir
autonomia na escola e em casa ser dependente dos pais ou responsável.
1°
de outubro de 2008
Nessa
aula estavam presentes três alunos, com tal oportunidade a professora trabalho
somente o currículo funcional. Com os alunos Marcelo e Maria o condicionamento
era de não colocar a mão na boca, para isso prendeu um saco com bolinhas nas
mãos deles (ver recursos pág. 60), fazendo peso e ao mesmo tempo os distraindo
como se fossem brinquedos. Já com Bernardo, continuou propondo atividades que o
estimulasse a alimentar-se sozinho.
Depois
do lanche foi aplicada uma atividade lúdica, com o objetivo de incentivar a
coordenação motora e lateralidade, a professora pôs um CD para as crianças
ouvirem e as colocou no chão para brincarem com bola e carrinhos. Os alunos
mostraram-se bastante motivados, desenvolveram cada um sua habilidade.
A
aluna Maria já consegue rolar no chão, no entanto não senta sozinha e nem
permanece se for colocada nessa posição, por esse motivo a professora fazia
exercícios que mantivesse sua coluna reta. Marcelo, que antes não apresentava
reação emocional alguma, hoje já reage com sorrisos, gestos como “dar tchau” e
até mesmo gritos para demonstrar alegria e satisfação, neste dia passou um bom
tempo brincando com carrinhos e uma ambulância de brinquedo no chão.
Já
o aluno Bernardo tem melhor desenvolvimento motor dos braços, pega a bola, joga
para longe e vai buscá-la engatinhando, chega até a descer da cadeira de rodas
sozinho para brincar no chão, várias vezes tivemos que soltá-lo, pois ficava
preso entre a mesa e a cadeira.
06 de outubro de
2008
Estavam
presentes nessa aula os alunos Maria, Renata e Marcelo. A proposta inicial era
de que fossemos realizar atividades na piscina, no entanto a maioria dos alunos
não trouxe roupa de banho, então a aula continuou em seu lugar habitual.
Nós
trabalhamos atividades alfabetizadoras com a aluna Renata, o exercício
consistia em observar uma figura, mostrar como se escreve, e em seguida
orientar a aluna montar a palavra com letras de um alfabeto móvel, uma vez que
ela não consegue segurar o lápis sem apoio. Para as atividades de alfabetização
não serem cansativas para ela, utiliza-se atividades como essa proposta.
Enquanto isso, a professora trabalhava condicionamento com Maria e Marcelo,
colocando objetos ou brinquedos em suas mãos para que eles não as coloquem na
boca.
Ao
fim do lanche fomos para o laboratório de informática, a aluna Renata
mostrou-se totalmente interessada e motivada com os jogos do computador,
observamos ela concluir dois ou três deles, como quebra-cabeça, os de pintura e
os de associação de objetos e seus nomes. Marcelo e Maria ainda não possuem
condições motoras de movimentar o mouse e o teclado, por isso ficaram
assistindo alguns vídeos do Caderno Toquinho e Vinícius de Moraes.
07 de outubro de
2008
A
aula nesse dia tinha somente a presença de dois alunos e uma estagiária. A
professora iniciou as atividades com condicionamento para Marcelo, amarrando
sacos com bolinhas em suas mãos. Como Maria tem dificuldades em segurar
objetos, a professora realizou atividades para desenvolver sua coordenação com
o auxilio de uma bola.
Quando
terminaram o lanche, os alunos foram para sessões com fonoaudiólogos e
fisioterapeutas. Acompanhamos Maria em suas sessões, na sala da fonoaudióloga,
foram realizados exercícios faciais para deixar o rosto dela mais maleável. Em
seguida fomos para o consultório do fisioterapeuta que fez atividades na barra
para fortalecer as pernas de Maria, pois a aluna ainda não consegue andar. Ao
final do exercício a professora comentou que o médico suspeita que Maria tenha
alguma síndrome por causa de sua aparência de senhora.
21 de outubro de
2008
Bernardo,
Fábio e Esmeralda foram estimulados a desenvolver e aprimorar a coordenação
motora através de uma atividade que tinham de amassar pedaços de papel formando
bolinhas com as mãos. Esmeralda foi quem apresentou mais dificuldades em
concluir a tarefa, por isso a professora propôs que ela abrisse e fechasse as
mãos, várias vezes para estimular a movimentação. Feitas as bolinhas foram
orientados a realizar uma atividade de colagem, onde deveriam colar as bolinhas
dentro de círculos maiores, trabalhando assim o conceito dentro/fora e
coordenação motora fina.
O
aluno Hugo estava com dificuldades para manter a cabeça reta na cadeira, então
a professora passou uma fita adesiva ao redor de sua cabeça para servir de
apoio, mas retirava momentos depois para que ele pudesse se esforçar em manter
a cabeça reta, e colocava novamente a fita, repetindo esse procedimento durante
toda a aula.
22 de outubro de
2008
A
professora colocou um DVD com músicas infantis e educativas para os alunos
ouvirem enquanto trabalhava a coordenação motora de Esmeralda, que estava com
os músculos do braço e da mão muito enrijecidos, sua mãe tentou puxá-los
aplicando muita força, o que ocasionou dor na estudante e a fez chorar. Outro
aluno que não estava bem nessa aula era Hugo, que estava com dor de ouvido e
chorou também, sua mãe trouxe o remédio e aplicou, aparentava estar muito
cansada e com pouca paciência.
Nessa
aula tiramos as dúvidas com a professora sobre como apresentaríamos os assuntos
escolhidos para regência, os recursos disponíveis e quais atividades os alunos
eram capazes de realizar. Ela nos auxiliou nesses itens e ainda orientou no que
deveríamos ou não apresentar. Escolhemos e “ensaiamos” as músicas para o dia da
nossa aula supervisionada.
7.2 PRÁTICAS DE REGÊNCIA
7.2.1 Prof.ª
Samanta A. Freire
No dia 06 de novembro foi o dia das
regências. O tema da aula foi Os Meios de Transporte e o Homem.
Cheguei ao Complexo André Vidal às 13h30min e fui organizar a sala para a aula
supervisionada, separei o material didático que iria usar, e pedi ajuda da
professora da turma para colar alguns cartazes, pois tenho paralisia cerebral e
minha coordenação motora é limitada.
A orientadora do estágio chegou às
14h então dei início à regência. Primeiramente expliquei aos alunos qual seria
o assunto da aula, e fiz alguns questionamentos sobre os meios de transporte a
título de sondagem, pois conforme os PCNs, é dever do docente levar em conta o
conhecimento prévio do aluno. Neste momento, a aula foi interrompida pelo
motorista da escola, que entrou eufórico na sala de aula pedindo papel e caneta
para anotar um endereço.
Passado
este contratempo, continuei a regência explicando sobre o conceito e as várias
utilidades dos meios de transporte, em seguida pedi para a professora da turma
– que no momento também era aluna – ler um texto. Depois da leitura, apresentei
um cartaz e falei sobre a evolução dos meios de transporte. O próximo tópico da
aula abordava a história dos meios de transporte no Brasil, desde os tempos
coloniais até os dias de hoje.
Em
seguida os alunos ouviram uma música sobre os transportes aéreos, terrestres e
aquáticos como forma de interdisciplinaridade, depois estes conceitos foram
reforçados através do lúdico (brinquedos). O próximo passo foi trazer o tema
para a realidade dos alunos, então eles foram induzidos a analisar sobre os
transportes utilizados em nossa cidade e na escola, e para contextualizar o
tema, eles ouviram outra música que falava sobre as utilidades do ônibus.
Ao
final da aula foram passadas algumas atividades, e foi possível constatar que
os alunos tiveram aproveitamento cognitivo satisfatório, porém devido ao grau
de dificuldades motoras de alguns deles, foi necessário fazer adaptações, como
no caso da Renata, que ainda não apresenta coordenação suficiente para pegar no
lápis, mas ao adaptar a atividade para a forma oral, ela conseguiu responder
todas as perguntas corretamente.
7.2.2 Prof.ª Karina
Rodrigues
Cheguei à escola por volta das 14h
20 min, a colega Samanta estava regendo a turma. Ao finalizar a
aula dela, fizemos uma pausa para o lanche das crianças.
O tema escolhido para minha regência
foi matemático, resolvi trabalhar os números
naturais para que as crianças pudessem ter um melhor contato com eles.
Utilizei como recursos, cartazes, músicas, peças de emborrachado e os próprios
alunos e professores.
Iniciei a aula com a apresentação de
cartazes contendo o número e sua representação quantitativa – ex. número 2 e o
desenho de dois índios, primeiro distribui os cartazes entre os alunos que
conseguem segurá-los e os professores presentes. Contamos as pessoas presentes
na sala, a principio havia onze pessoas na turma, no entanto um aluno precisou
se ausentar para atendimento no complexo clinico, ficaram então dez pessoas.
Após contarmos com o auxilio dos
cartazes – cada pessoa presente tinha um, cantamos a música dos dez
indiozinhos, uma das alunas gostou tanto da música que a repetimos algumas vezes.
Como a maioria dos alunos tem dificuldade de fala não alcancei o objetivo
especifico de pronunciar corretamente os números naturais, mesmo assim o
objetivo geral foi alcançado, alunos em fase de alfabetização reconheceram
todos os números e alguns outros também.
Feita essa etapa da aula, passei
para as atividades individuais com as alunas Renata e Esmeralda. Ambas têm
condições cognitivas de resolvê-las, no entanto foi constatado durante as
observações em sala de aula, que a Esmeralda apresenta dificuldades de
concentração, logo nessa atividade não foi diferente, pequenos movimentos na
sala a deixavam dispersa, atrasando assim o andamento dos exercícios.
Já com a aluna Renata as limitações
são simplesmente motoras, ela é dotada de uma incrível inteligência, às vezes
chega a ser diligente na conclusão de suas tarefas, conta os números e
reconhece as quantidades, tem pouca paciência na demora da colega na contagem.
7.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
COLETADOS
Depois
de feitas às devidas pesquisas teóricas e as observações do cotidiano escolar
do aluno com PC, iremos analisar os resultados obtidos para entendermos como se
dá o processo de aprendizagem desses discentes na Educação Infantil. Para isso
precisamos responder algumas questões. “Quais as características observadas nas
crianças com PC?”; “O desenvolvimento cognitivo dessas crianças está de acordo
com a faixa etária?”; “Que fatores afetam o processo de aprendizagem dos alunos
com PC?”;
Observamos,
através de entrevistas, que a maioria dos alunos teve Paralisia Cerebral depois
do nascimento, devido convulsões, e somente dois alunos obtiveram paralisia
durante o parto. Em nossas pesquisas, vimos que isso ocorre por falta de
oxigenação no cérebro, que ocasionam lesões nos neurônios, quando a paralisia é
mais prolongada, pode ocorrer a diplegia. Os alunos dessa escola, com exceção
de um, apresentam diplegia, por isso eles usam cadeira de rodas. Além disso,
muitos apresentam outras dificuldades associadas a PC, como por exemplo,
deficiência mental ou déficit de atenção.
Piaget
classifica as etapas do processo do desenvolvimento cognitivo de acordo com a
faixa etária, no entanto ao se tratar de turma especial, percebemos que não há
homogeneidade referente à idade cronológica dos alunos, uma vez que a divisão
da turma se dá a partir do tipo de deficiência, desconsiderando o grau da mesma
e a idade dos alunos.
Fazendo
uma analogia com a teoria piagetiana, podemos constatar que boa parte da turma
observada está no estágio sensório-motor, visto que eles apresentam diversas
características dessa etapa, como a ausência da linguagem, da percepção
temporal e limitam-se exclusivamente às percepções sensoriais. Somente alguns
alunos estão na fase operatório-concreta, uma vez que apresentam o domínio da
linguagem e já possuem o pensamento lógico e reversível.
Observamos
durante as visitas à escola que três principais fatores afetam o processo de
aprendizagem desses alunos. Um deles consiste na diferença acentuada no grau de
deficiência entre os alunos, que exige um processo de aprendizagem diferenciado
para cada um. Além disso, a escola também não dispõe de recursos didáticos
apropriados e necessários para trabalhar pedagogicamente com os alunos, sendo
que a professora gasta boa parte do seu tempo produzindo materiais específicos
para desenvolver diversas atividades e o currículo funcional.
Outro
fator que influencia o processo de aprendizagem dessas crianças diz respeito às
suas próprias limitações, pois analisando com base no referencial teórico, as
crianças apresentam desordens da sucção, mastigação e deglutição, dificuldades
para falar e andar; dependências para atividades cotidianas, como por exemplo,
ir ao banheiro e comer sozinho, isso acontece porque além da Paralisia
Cerebral, eles apresentam outras deficiências associadas.
Respondidas
nossas questões, vimos que o aprendizado dessas crianças se dá de forma lenta e
sem grandes perspectivas, uma vez que há uma heterogeneidade nos graus de PC,
resultando em vários estágios cognitivos na mesma turma. Além disso, não há
recursos adaptados na escola, o que limita ainda mais o tempo da professora,
tempo este que poderia ser melhor utilizado no desenvolvimento cognitivo destas
crianças.
Consideramos nosso trabalho de
importante relevância, uma vez que ele pode servir de apoio e referência para
educadores e mães de crianças com PC, que poderão verificar como se dá a
aprendizagem dessas crianças, e se utilizar dos recursos e métodos para obter
resultados satisfatórios, para não passar pelas dificuldades explanadas nessa
obra, visto que observamos diariamente uma turma de alunos com PC e podemos
estar mais próximos à realidade educacional deles.
Verificamos
as dificuldades e os sucessos adquiridos pelos alunos no decorrer do processo
de aprendizagem. As dificuldades já foram abordadas ao longo do trabalho, logo
suas vitórias também merecem serem apontadas, podemos constatar que no início
do estágio um dos alunos não apresentava qualquer reação emocional, era
indiferente a estímulos apresentado a ele, e em mais ou menos três semanas já
demonstrava reações diversas como felicidade, ansiedade, ciúmes, entre outras.
Ao
tratar do currículo funcional, os alunos mostram um desenvolvimento lento, mas
progressivo. Se os alunos fossem divididos conforme o grau da deficiência e não
somente pelo tipo, esse trabalho teria resultados muito mais significativos,
pois eles estariam no mesmo nível e a professora poderia aplicar esse currículo
com maior espaço de tempo e em melhor qualidade.
Quanto
à alfabetização desses discentes, podemos constatar que o processo de
aprendizagem se dá na mesma velocidade que o desenvolvimento do currículo
funcional. Apesar de ser um processo lento, podemos notar bons resultados na
aprendizagem em alunos que não tem outra dificuldade associada a PC, assim ao
final de nossas visitas, verificamos que eles já conheciam o alfabeto, montava
palavras e contava os numerais.
Assim,
para um melhor desenvolvimento do processo de aprendizagem desses indivíduos,
concordamos com a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional - LDB (Lei nº.
9394/96) em manter prioritariamente o ensino inclusivo em escola regular,
ressalvando apenas os casos em que não há condições de inclusão por motivos
físicos e/ou cognitivos, uma vez que vimos na turma observada que existem
alunos capacitados para inclusão escolar.
BRASIL,
Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: história e geografia. 2 ed. Rio de Janeiro:
DP&A, 2000.
CAMPOS,
Dinah Martins de Souza. Psicologia da
Aprendizagem. 30 ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
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Trabalho Científico.14ª ed. Porto alegre: s.n., 2008.
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Inclusão Escolar. Rio de Janeiro: FEUFF, 2005.
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Acesso em 02 dec 2008.
TRIVIÑOS,
Augusto N.S. Introdução à Pesquisa em
Ciência Sociais: A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas,
1995.
APÊNDICE A – PLANO DA PROF.ª KARINA
RODRIGUES
ESCOLA:
Complexo de Educação Especial André Vidal
de Araújo.
PROFESSORA: Karina
Rodrigues da Silva.
SÉRIE: 1º. Ano do 1º. Ciclo (alunos com P.C.)
TURMA: A Turno Matutino
DURAÇÃO: 30
min.
COMPONENTE CURRICULAR:
Matemática; Língua Portuguesa; Artes.
CONTEÚDO: números naturais de 0 a 9.
OBJETIVO GERAL:
reconhecer os números naturais de 0
a 9.
OBJETIVOS ESPECIFICOS:
·
Pronunciar corretamente os números 0,
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9.
·
Reconhecer os numerais e suas
respectivas quantidades.
·
Traçar os números naturais.
PROCEDIMENTOS
·
Leitura de cartazes com numerais e
figuras, repetindo cada um deles coletivamente.
·
Associação da quantidade de objetos
concretos e os respectivos numerais.
·
Fazer a contagem dos alunos da sala.
·
Traçar números grandes em folhas A4, com cola
colorida, logo após colar bolinhas de papel crepom no contorno.
·
Dramatizar a música dos dez
indiozinhos.
ATIVIDADES
·
Contar os “indiozinhos” no palito de
picolé.
·
Desenhar “indiozinhos”, associando o número
escrito com a quantidade representada pelos desenhos.
·
Dramatizar a música dos dez
indiozinhos, cada aluno e professoras serão índios e um jacaré. Cantar a música
e simular o movimento do barco.
RECURSOS:
cartazes, palitos de picolé, indiozinhos feitos de emborrachado, alunos, papel
A4, papel crepom, cola colorida, CD, aparelho de som.
AVALIAÇÃO:
verificar desempenho dos alunos na contagem e pronuncia dos números; observar
quais alunos desenharam a quantidade correta para cada número; observar o desenvolvimento
da dramatização, bem como a motivação e interesse.
OBSERVAÇÕES EM SALA:
__________________________________________________________
MÚSICA
OS 10 INDIOZINHOS
cUm, dois, três, indiozinhos.
Quatro, cinco, seis, indiozinhos.
Sete, oito, nove, indiozinhos.
Dez num pequeno bote.
Iam navegando pelo rio abaixo,
Quando um jacaré se aproximou,
E o pequeno bote dos indiozinhos
Quase, quase virou...
Mas não virou!!
ATIVIDADE
1.
CONTE QUANTOS ÍNDIOS HÁ EM CADA BARCO,
E ESCREVA NO QUADRO AO LADO, CONFORME O EXEMPLO:
2.
DESENHE QUANTOS INDIOS SE PEDE EM CADA
QUADRO.
RECURSOS
USADOS NA REGÊNCIA
PROF.ª KARINA RODRIGUES
BRINQUEDOS
Figura
4: alfabeto móvel
CARTAZES
APÊNDICE
B – PLANO DA PROF.ª SAMANTA FREIRE
1. DADOS DA IDENTIFICAÇÃO:
1.1. Escola: Complexo
de Educação Especial André Vidal de Araujo
1.2. Professora: Samanta
Araujo Freire
1.3. Série: Educação
Infantil (alunos com PC)
1.4. Tema da aula: Os Meios de Transporte e
o Homem.
1.5. Tempo de aula: 30
min.
1.6. Turno: Vespertino
2. COMPONENTE CURRICULAR: Geografia,
História e Artes
3. CONTEÚDO:
Os Meios de Transporte
4. OBJETIVOS
4.1. Geral
. Compreender a importância dos meios de
transporte na vida do homem.
4.2. Específicos
. Reconhecer a
utilidade dos meios de transporte no cotidiano;
. Compreender como a evolução dos meios de
transporte ocorreu
no Brasil.
. Diferenciar os meios de transporte aéreos,
terrestres e aquáticos;
. Identificar os meios de transporte
utilizados na nossa cidade;
. Reconhecer os transportes utilizados no
cotidiano escolar dos alunos.
5. PROCEDIMENTOS
5.1.
Explanar sobre o que vai ser ministrado na aula;
5.2.
Perguntar aos alunos se eles sabem o que são meios de transporte;
5.3.
Comentar com os alunos o conceito e a utilidade dos meios de transporte;
5.4.
Pedir para um aluno ler o texto “Passando a perna nas distâncias”;
5.5.
Comentar sobre a evolução dos meios de transporte;
5.6.
Contar uma historinha sobre os meios de transporte no Brasil;
5.7.
Perguntar aos alunos que meios de transportes eles conhecem;
5.8.
Apresentar a música “Meios de Transportes”, da Eliana e mostrar as figuras
conforme a música;
5.9.
Comentar e exemplificar com cartazes os transportes utilizados na terra, no ar
e na água;
5.10.
Perguntar aos alunos se na nossa cidade existe os três tipos de meios de
transportes, e comentar sobre este assunto;
5.11.
Perguntar aos alunos que meios de transporte eles usam para chegar à escola;
5.12.
Apresentar a música “Ônibus”, da Xuxa;
5.13.
Verificar, no contexto dos alunos, o funcionamento do transporte escolar;
5.14.
Fazer uma revisão do assunto, utilizando brinquedos;
5.15.
Aplicar atividades para estimular a coordenação e o raciocínio dos alunos.
6. ATIVIDADES
6.1.
Escolher a figura que representa o meio de transporte escolar e traçar uma
linha até a figura que representa a escola.
6.2. Circular as figuras que
representam os meios de transporte.
6.3. Pintar o transporte aéreo de
amarelo, o terrestre de marrom e o aquático de azul.
7. RECURSOS
7.1.
Humanos: Professor e alunos.
7.2.
Materiais: Figuras, cartazes, textos, brinquedos, música.
8. AVALIAÇÃO
.
Observar o interesse por parte dos alunos.
.
Participação – Os alunos serão estimulados a interagir nas aulas através de
perguntas ou respostas.
. Verificar se os alunos tiveram
alguma dificuldade no desenvolvimento das atividades (motora e / ou cognitiva).
9. REFERÊNCIAS
BRASIL,
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros
Curriculares Nacionais: história e geografia / Secretaria da Educação
Fundamental. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
GONDIM,
Maria da Salete Alves. Lápis na mão:
educação infantil: alfabetização. V. 4. São Paulo: FTD, 2003.
AMAZONAS,
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Manaus:
estudos sociais. 1º grau. Manaus, 1989.
10. OBSERVAÇÕES
_____________________________________________
Música 1
Meios de Transporte
(Eliana)
Eu vou viajar de
avião, de
avião, de avião
é um meio de transporte
pelo ar
Então vou voar
Vou viajar, vou de navio,
de navio, de navio
É um meio de transporte
pelo mar
Eu vou navegar!
Eu vou viajar eu
vou de
trem, vou de trem,
vou de trem
É um meio de
transporte
pelo chão
Eu vou no vagão
Eu vou viajar de avião, de
avião, de avião
é um meio de transporte
pelo ar
Então vou voar
Eu vou viajar, eu vou trem
Ch! Ch! Ch! Ch! Ch! Ch! Ch!
Ch!
É um meio de transporte
pelo chão
Eu vou no vagão
Música 2
O ônibus (Xuxa)
A roda do ônibus roda, roda, roda, roda, roda, roda
A roda do ônibus roda, roda pela cidade
A porta do ônibus abre e fecha, abre e fecha, abre e fecha
A porta do ônibus abre e fecha pela cidade
O passageiro sobe e desce, sobe e desce, sobe e desce
O passageiro sobe e desce pela cidade
O neném faz uéim uéim uéim uéim uéim uéim uéim uéim uéim uéim
O neném faz uéim uéim uéim uéim pela cidade
A mamãe faz shh shh shh shh shh shh shh shh shh shh
A mamãe faz shh shh shh shh pela cidade
A buzina faz bi, bi, bi, bi, bi, bi, bi, bi, bi, bi
A buzina faz bi, bi, bi, bi pela cidade, pela cidade, pela cidade...
Texto - Passando
a Perna nas Distâncias
Quanto
mais a gente anda, mais chão tem pela frente... Como o homem sempre foi bicho
curioso, louco para conhecer novos lugares e ampliar seu próprio mundo, logo
as pernas ficaram curtas.
Ops! Isso não significa que elas diminuíram de tamanho, não. Mas que foi
preciso inventar maneiras mais rápidas de chegar aos lugares, sem gastar
tanta energia e tanta sola de sapato.
Os
transportes foram criados conforme as necessidades do homem. Dá pra imaginar
a vida sem o carro, sem a bicicleta, sem o navio e sem o avião?
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ATIVIDADES
RECURSOS
USADOS NA REGÊNCIA
PROFª.
SAMANTA A. FREIRE
BRINQUEDOS
CARTAZES
Figura 22: cartaz
Figura 25: cartaz
da história dos meios de transportes.
Figura 26: cartaz
história dos meios de transportes.
Figura 25: cartaz
dos tipos
DEDICATÓRIA
Dedico esse
trabalho aos meus pais, pelo amor, paciência e incentivo, Creuza e Virgilio, os
senhores são meu amor e meu porto seguro.
E
a André Luiz e Adam, por serem minha motivação e a família mais linda que
construí. Amo vocês.
DEDICATÓRIA
À
minha querida mãe, que é uma batalhadora, lutou muito por mim, me deu amor,
carinho e incentivo para que eu chegasse até aqui.
Ao
meu pai, que sempre esteve ao meu lado, dando-me apoio e me guiando,
literalmente, pelos caminhos difíceis da vida.
AGRADECIMENTO
Acima
de tudo, a meu Deus que é amoroso e fiel, a Ele agradeço por mais uma vitória
conquistada.
A
minha querida Samanta que fez esse trabalho ser menos difícil.
Aos
meus pais e a Agrícia e Roldson, que foram minha fonte de apoio, sem o auxilio
de vocês esse trabalho não haveria sido finalizado.
A
meu marido lindo, que teve paciência quando precisei me ausentar, que me deu
força quando pensei em desistir, amarei você sempre.
Aos
meus vários e queridos amigos, vocês tornam minha vida muito mais feliz.
A
Rosineire, ou melhor, a Neire, pela dedicação e colaboração, o mundo precisa de
profissionais competentes como você.
AGRADECIMENTO
À
professora Ana Maria Derzi, pelos preciosos ensinamentos que me ajudaram a
desenvolver o senso crítico.
À
minha orientadora Ana Maria Nascimento, pela paciência e dedicação com que
sempre me acolheu.
Às
minhas monitoras Samara, Alessandra e Karina, que foram meus anjos da guarda
nessa trajetória.
E
a todas as outras pessoas que, direta ou indiretamente, me ajudaram a
conquistar mais essa vitória.
Autor:
Samanta Araujo Freire
samanta_araujofreire@yahoo.com.br
Karina
Rodrigues Da Silva
Orientadora: Ana
Maria Silva do Nascimento
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
– UFAM
FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACED
Manaus - Amazonas
2008